Sem concurso, "Funai pode fechar as portas", alerta sindicato
Em audiência na Câmara dos Deputados, servidores e sindicato denunciam precariedade de trabalho e esvaziamento da fundação.
Eduardo Cortez
8/29/20220 min read
Na última sexta-feira, 26, em audiência na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, servidores da Fundação Nacional do Índio alertaram para a precariedade das condições de trabalho de indigenistas e a necessidade de um novo concurso Funai.
Durante a audiência, foi levantada a preocupação com o esvaziamento da fundação, que opera hoje com 46% dos cargos ocupados – 33% desse percentual já estão aptos para a aposentadoria.
A representante do Sindicato dos Servidores Públicos Federais, Mônica Machado, alertou para a ausência de um plano de carreira para indigenistas, que garanta a esses profissionais medidas compensatórias e protetivas por exercerem atividade de risco, além da necessidade de um novo concurso.
Machado informou que hoje existem 240 unidades de trabalho voltadas para o atendimento direto aos povos indígenas, no entanto muitas funcionam com apenas um servidor. Conforme relatou, há casos em que a fundação não tem sede na cidade e o trabalho é feito na casa ou até mesmo no carro do funcionário.
Já a coordenadora de Política para Servidores da Indigenistas Associados (Ina), Luana Machado de Almeida, falou sobre a intimidação de servidores e lideranças indígenas pela atual gestão da Funai que, segundo ela, teria acionado a Polícia Federal (PF) para instaurar inquéritos criminais contra funcionários.
Novo pedido de concurso Funai foi confirmado
Em maio deste ano, a Fundação Nacional do Índio confirmou o envio de um novo pedido de concurso Funai 2023, com vagas efetivas, para o Ministério da Economia. O quantitativo e os cargos solicitados, no entanto, não foram confirmados. Segundo a Funai, o número solicitado pode sofrer alterações caso o concurso seja autorizado.
Vale lembrar que o número e os cargos solicitados devem ser superiores ao pedido feito no ano passado. Na época, foram solicitadas 1.043 vagas de níveis médio, técnico e superior.
No caso das oportunidades de nível superior, as oportunidades foram para os seguintes cargos:
administrador;
antropólogo;
arquiteto;
arquivista;
assistente social;
bibliotecário;
contador;
economista;
enfermeiro;
engenheiro;
engenheiro Agrônomo;
engenheiro Florestal;
estatístico;
geógrafo;
indigenista especializado;
médico;
médico Veterinário;
odontólogo;
pesquisador;
psicólogo;
sociólogo;
técnico em assuntos educacionais;
técnico em comunicação social;
zootecnista
No nível intermediário, o pedido foi para os cargos de técnico em contabilidade, que exige diploma de curso técnico na função, e agente em indigenismo, que requer apenas o nível médio completo. Para essas carreiras, segundo dados de junho de 2019, os ganhos podem chegar a R$6.420,87 (nível superior) e a R$5.349,07 (médio).
Último concurso Funai foi realizado em 2016
O último concurso Funai foi realizado em 2016. Na época, a oferta inicial foi de 220 vagas, mas segundo informações do órgão, foram convocados todos os aprovados e mais 50% dos classificados excedentes.
As oportunidades foram todas para o nível superior, nos cargos de contador, engenheiro agrônomo, engenheiro (agrimensor e civil) e indigenista especializado. Os candidatos foram avaliados por meio de provas objetiva e discursiva. As disciplinas cobradas abrangiam Conhecimentos Gerais e Conhecimentos Específicos.
A parte específica variava de acordo com a vaga concorrida. Já os Conhecimentos Gerais englobavam:
Língua Portuguesa;
Raciocínio Lógico e Quantitativo;
Direito Constitucional e Administrativo;
Legislação Indigenista;
Informática Básica;
Administração Pública.